Nós últimos anos a contabilidade vem passando por uma transformação sem precedentes em sua história. Termos usados a décadas como ‘contabilidade consultiva’, ‘contabilidade gerencial’ e outros mais recentes como ‘contabilidade digital’, ‘contabilidade 4.0’ nunca estiveram tão atuais. Em linhas gerais, os conceitos citados remetem a um serviço contábil que prioriza a agregação de valor efetiva aos clientes e não apenas regularidade fiscal. Importante ressaltar que a regularidade não deixou de ser um pilar da atuação contábil, mas é notório que apenas a entrega das obrigações contábeis não configura um ambiente promissor para os escritórios.
Fato é, que embora os conceitos estejam claros, em nossos mais de 10 anos de experiência atuando com contabilidades, percebemos ainda uma baixa aplicabilidade das metodologias e estruturas ainda estão longe de ser uma atuação efetiva nas contabilidades.
Percebemos de forma clara uma evolução substancial das tecnologias disponíveis (sejam pelos próprios softwares contábeis sejam por softwares acessórios) e uma grande possibilidade de automação dos processos. Também é visível a modernização de modelos de negócios, sejam com modelos de contabilidade online, expansões, franquias, parcerias, fusões, aquisição.
E mesmo com todos esses aspectos tornar-se uma contabilidade consultiva, capaz de entregar valores percebidos pelos clientes ainda é um dos grandes desafios das empresas contábeis.
Agora você deve estar se perguntando: Isso tudo eu já sabia, mas como faço isso?
Uma parte relevante dessa resposta está na forma imatura como os escritórios gerenciam e entregam suas tarefas. A maior parte do esforço, físico e financeiros, dos escritórios de contabilidade ainda estão empregados nas entregas de impostos, declarações, folha (e suas rotinas). Sucesso, para boa parte das empresas está relacionado a entregas corretas e dentro dos prazos.
Entregar está na essência da contabilidade, e costumo dizer que nenhum serviço é tão capaz de realizá-las como a contabilidade. Dito isso, na mesma proporção, mas de forma contraria criar um ambiente orientado a resultado e performance é o que as contabilidades não aprenderam a fazer em sua história. Já prestamos consultoria em mais de 50 escritórios e concluímos que o acirramento do mercado e redução – gradual mas constante – do ticket médio de honorários o mercado contábil precisa se reinventar e reduzir custos operacionais. A princípio acreditou-se que a tecnologia daria conta desse processo, mas o que percebemos é um segmento pressionado por demandas operacionais cada vez maiores e margens cada vez menores. E no fim uma inabilidade em reverter a situação.
Dessa forma, amadurecer a gestão, reduzir o custo operacional e olhar para o cliente com foco em sua necessidade é uma transformação necessária para a maior parte dos escritórios contábeis.
Maturidade gerencial permite que as decisões sejam tomadas no tempo certo. E de forma simples e direta 03 (três) passos são fundamentais para essa construção.
1) Conheça seu cliente:
Não o nome, o endereço, a família… Conheça as necessidades, as dores, o que influencia o negócio dele, quais são suas estratégias, quais suas forças e em quais pontos ele pode melhorar e precisa de ajuda.
Agora que conhece bem seu cliente, agrupe aqueles com características semelhantes e crie ações direcionada as necessidades individuais. Nem todo cliente verá valor em um balancete bem feito ou em uma DCTF sem erros entregue no prazo.
2) Acompanhe de forma robustas as entregas e tenha metas:
Saber o que se entrega e com qual eficiência é fundamental para criar ações que tragam efetividade processual e ganho de performance. A redução de custo operacional esta ligada diretamente a capacidade de produção da equipe. Investir em processo e tecnologia vai trazer eficiência e garantir que “sobre” tempo para um olhar mais cuidado aos clientes.
3) O cliente não é seu inimigo:
Muitas vezes, repito, muitas vezes ouvi contadores dizer que o cliente não aceita mudança. O que sempre respondo é, ele não aceita a mudança que você oferece a ele. Quando se entende a real necessidade e a oferta de valor é real, não existe a possibilidade de insucesso. Não estou afirmando que todos os seus clientes contratarão serviços adicionais ou serão fiéis aos serviços. Mas tenho convicção que boa parte das mudanças estão na dificuldade dos escritórios aceitarem a própria necessidade de mudança.
Por fim. Para se tornar uma empresa digital são necessárias transformações internas. Mudar a cultura de entre para a cultura de resultados e aumentar substancialmente a energia gasta para entender os clientes.